quarta-feira, 27 de março de 2013

Para compreendermos ambliopia, é preciso antes conceituar cegueira.

Utilizadas para fins estatísticos em diversos países, em 1966 a Organização Mundial de Saúde  (OMS)  registrou 66 diferentes definições de cegueira !
Para evitar discrepâncias estatísticas, era preciso uniformizar o conceito.

Cegueira não é conceito absoluto, pois reune indivíduos com vários graus de visão residual.  Ela não significa necessariamente total incapacidade para ver, mas prejuízo dessa aptidão a níveis incapacitantes para o exercício de tarefas rotineiras.
Ao lado de cegueira, o Conselho Internacional de Oftalmologia introduziu o termo visão sub-normal  (low vision).

Cegueira total  (amaurose)  indica perda completa da visão de ambos os olhos  (visão zero).
Falamos em cegueira parcial  (legal ou profissional)  quando nos referimos a indivíduos cuja acuidade visual corrigida  (com óculos ou lentes de contato)  é igual ou inferior a 1/10 no olho melhor,  bem como aos portadores de campo visual tubular  (restrito a 20 graus ou menos)  no olho melhor.

No adulto, são três as maiores causas de cegueira adquirida:
diabetes,  glaucoma  e  degeneração macular relacionada à idade.


Ambliopia

Caso particular de cegueira,  ambliopia  é classicamente definida como baixa de visão em olho organicamente perfeito, em que o mais acurado exame oftalmoscópico e dos meios transparentes nada revela que a justifique.


(há hoje a tendência de se utilizar a expressão num sentido bem mais amplo, quando se deseja aludir a qualquer baixa de visão  -  funcional ou mesmo orgânica  -  mas preferimos evitar este uso por fomentar confusões...).


Na ambliopia  a perda visual é  funcional, isto é, não há anomalia orgânica no olho em si.  O problema está em região visual do cérebro.

Esteja claro que não se enquadram na ambliopia as baixas visuais passíveis de correção imediata por óculos, lentes de contato ou cirurgia.

A comprensão da ambliopia exige conhecimento também de alguns aspectos

do desenvolvimento da visão normal :

Visão é uma função tão cerebral quanto ocular.  A luz recebida pelo olho é convertida em eletricidade, que, conduzida pelo nervo óptico, chega ao cérebro visual  (occipital), onde é interpretada como imagem  (percepção de formas e cores).  Assim, pode-se dizer que "quem enxerga não é o olho, mas o cérebro".  Entretanto, o cérebro não enxergaria sem auxílio do olho.  Visão é portanto um trabalho de equipe.

Luz   >   olho   >   corrente elétrica   >   nervo óptico   >   cérebro (percepção)

Ao nascer, a criança não é ainda capaz de enxergar como o adulto.  Seus órgãos da visão são imaturos, e o recém-nascido vê apenas vultos indistintos.  A maturação visual é processo evolutivo, que se desenrola do nascimento aos 6 anos de idade, mas, para que ela ocorra, é indispensável que os olhos enviem sinais válidos ao cérebro.

E, para isto, é essencial que antes se corrijam eventuais problemas oculares,  como alta miopia, hipermetropia ou astigmatismo, porque nestes casos os sinais enviados pelo olho ao cérebro são confusos, incapazes de gerar imagens úteis.  Privado dos estímulos necessários ao seu amadurecimento, o cérebro visual não se desenvolve como deveria  e não aprende a enxergar.  A esta deficiência visual chamamos ambliopia.

Olhos organicamente perfeitos podem tornar-se amblíopes também por defeitos anatômicos notórios, como na ptose palpebral ou no estrabismo, mas é preciso reconhecer que, nestes casos, o problema evidente não está nos olhos, e sim nos anexos oculares  (pálpebras ou músculos extra-oculares, nestes exemplos).

CUIDADO:  Quando a criança enxerga bem de um dos olhos, é comum os pais não perceberem que seu outro olho é amblíope.  Daí a importância de exame oftalmológico preventivo já na primeira infância.


Para se promover o amadurecimento do cérebro visual  -  e evitar ambliopia  -  é essencial corrigir logo eventual problema que possa comprometê-lo.
Como o cérebro visual se desenvolve somente até os 6 anos, é necessário fazê-lo antes desta idade.  Quanto mais cedo, mais completa a recuperação.
Após os 6 anos, o tratamento da ambliopia daria pouco ou nenhum resultado, e a visão estaria definitivamente comprometida.

A correção dos possíveis problemas pode ser cirúrgica  (como, por exemplo, no estrabismo ou na ptose palpebral),  ou clínica  (óculos, atropina, oclusão do olho melhor etc).

Seja clínica ou cirúrgica, a correção é urgente,  ainda em tenra idade,  para que não se perca o prazo para desenvolvimento cerebral da visão plena  -  de preferência

antes dos 2 anos de idade  (idade limite para desenvolvimento da estereopsia ou binocularidade, isto é, a capacidade de avaliar distâncias pela atuação conjunta dos olhos  -  ou "visão 3D").

Em cada 100 crianças, aproximadamente 4 se tornam amblíopes.
Se a ambliopia é descoberta em idade pré-escolar,  e tratada a tempo, recuperação total é regra.  O tratamento  (oclusão, atropina, óculos, cirurgia...)  deve ser orientado pelo oftalmologista, e iniciado muito cedo, pois, iniciado tardiamente,

daria pouco ou nenhum resultado.

Os exames oftalmológicos preventivos mais importantes da vida são três:
ao nascimento  (catarata congênita, retinopatias, tumores intra-oculares...)
aos 2 anos de idade  (último prazo para desenvolvimento da estereopsia)
aos 6 anos  (último prazo para recuperação plena na ambliopia)


Embora os autores clássicos sejam unânimes em afirmar que ambliopia só é corrigível até os seis anos de idade, a experiência terapêutica com associação a recursos alternativos  (como ortomolecular)  tem mostrado resultados promissores mesmo em adultos  -  tão mais promissores quanto mais precocemente se institui o tratamento.

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Melhor  (e menos dispendioso)  do que tratar  é prevenir.
Para jovens saudáveis, é suficiente um exame oftalmológico preventivo a cada 2 anos.
Após os 40 anos, todos os anos.
É bom critério usar a data do seu aniversário como lembrete para revisões anuais
com  dentista, oftalmologista  e ginecologista (mulheres)  ou urologista (homens).
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dr VIC JOHNSON
médico ortomolecular
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Campinas SP
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